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O triunfo da cor

Estou brava com Deus, sou humana e posso ficar brava com quem quiser, ainda mais com aquele que tenho intimidade. Esse post seria a escritura da minha carta bem aborrecida a Ele. A carta começaria assim: "Nem vou perguntar como está, porque estou puta contigo! Tá achando que sou palhaça?"... Se esse seria o início, imagine o final... nem queiram saber... Mas com amigo(a) a gente tem essa liberdade. Pois bem, tava eu andando pelo Centro, depois de gastar muita sola de sapato tentando as minhas vendas de crocheteira, cheia de dor na coluna, no pé e na alma, minha ebulição raivística (inventei) estava se apresentando, resolvi, então, entrar no CCBB, para minha última tentativa de venda... aí nada... Eu sei, fazer tudo com raiva é uma m... ainda mais com raiva Dele, aí não rola... Mas como estava mesmo naquele lugar lindo e que adoro, resolvi conferir no que eles tinham de exposição e aí... foi uma explosão de cor.

Está em cartaz no CCBBRJ a exposição O triunfo da cor, o pós-impressionismo: obras-primas do Musée d'Orsay e do Musée de l'Orangerie. Pirei total e o melhor, mesmo com a pós-olimpíada estava uma calmaria de dar gosto. A exposição é uma explosão de cor, beleza, significados e subjetividades: minha, dos pintores e de Deus. Deparar-se com quadros de Gauguin, van Gogh, Toulouse-Lautrec, Vuillard, Matisse, Monet Cézanne, Soutine (grande amigo de Modigliani) entre outros é deslumbrante.  Onde cada bloco de exposição tem um subtítulo tais como: Núcleo misterioso do pensamento; A cor científica; Os nabis, profetas de uma nova arte e A cor em liberdade. Fenomenal. Nessa exposição você verá um esboço para a pintura de "O circo" (1891) de Georges Seurat toda na técnica do pontilhismo, muito parecida com o pontilhismo dos quadros dos pacientes do Hospital Psiquiátrico Pedro II (já mencionado em outro post); O quadro de Maurice Denis, "As musas" (1893) em que utiliza tema da mitologia clássica, onde a cena se passa num terraço em Saint-Germain, cujo quadro nos dá a sensação de apagamento de cor, de névoa, pelo tom azulado e cinza (não posso deixar de fazer o contraponto com o nome do mestre ascensionado Denis de Saint-Germain); vai se deparar também com o quadro de Valloton e Vuillard que atingem uma luminosidade fotográfica que te dá a sensação de pertencimento da cena; Ver "O vaso azul" de Cézanne; o quadro "A italiana" de van Gogh e saber que ele optou por cores vivas para representar a região sul da Itália de onde era originária a musa que mais parecia uma Frida Kalo. Assim como, saber da opção do tom de sua saia pelo vermelho e o verde para representar as terríveis paixões humanas. Emocionar-se com o "Salgueiro-chorão"(1920-1922) de Monet cujas pinceladas me fizeram lembrar o choro com suas lágrimas caindo em descompasso misturando os choros de alegria e tristeza representada nas gradações de cinzas e gradações do vermelho, amarelo, verde... Ver uma obra do Soutine sombria, distorcida no vermelho e no preto. Fechando a exposição um quadro do Matisse com sua "Odalisca com calça vermelha (1924-1925) onde nota-se uma mulher rechonchuda com toda sua beleza de corpo e de jóias deitada como se quisesse ser admirada... 

A exposição tem muito mais, o que relatei é apenas um percentual. Ela fica até outubro e precisa ser vista, mas com olhos de ver e com a pineal tinindo. Eu tava putona com Deus e ele me fez ir com a camisa do Museu do Inconsciente numa exposição que é abstração e cientificismo pura. Fui com a cor azul do céu, com o azul dos meus olhos, com azul de Iemanjá e Nossa Senhora. Fui com a lembrança, com o amor e com o coração de quem acredita e adora arte. Senti como se Deus dissesse assim: "calma, tá puta comigo, mas estou aqui contigo, pode confiar. Chore pois suas lágrimas são como as do Salgueiro-chorão, abençoadas e fecundas. Precisa delas para te limpar e permitir futuramente em você "o triunfo da cor".

E pra coroar esse post, termino com a citação de Matisse: " Uma avalanche de cores perde a força. A cor só atinge a sua expressão plena quando é organizada, quando corresponde à intensidade da emoção do artista (1945)". Por isso, estou organizando minhas cores de acordo com a minha intensidade, para permitir que depois ela triunfe!

Até!

 (O vaso azul - Paul Cézanne - 1885/1887)




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