Gostaria neste momento estar num deck contemplando as estrelas acompanhada de alguém interessante e que fosse o responsável pela Criação. E que ao entrar na cabana estivesse esperando por mim outras companhias muito agradáveis e que me acalentassem a alma. E por alguns dias pudessem me dar um intensivo de como viver plenamente. Esse é mais ou menos o que o livro A Cabana propõe. Na verdade o livro trata-se de muito mais.
O livro conta a história de Mack e seu acerto de contas com Deus. Gosto de reler e rever coisas. Dessa vez foi com A cabana. A primeira vez, o li em 2008, de lá pra cá muita coisa mudou e eu também. Tô mais ou menos como Mack tentando acertar minhas contas com O Criador. Tentando compreender "A Grande Tristeza" que se abateu na minha vida. Sendo que na vida de Mack a tristeza foi pior que a minha. Tristezas à parte, o livro é fabuloso. Sugiro a todos que leiam, independente de suas tristezas ou de suas alegrias. O livro é pra vida. O bacana é notar que a Luzia de 2008 grifou passagens do livro que a Luzia de 2016 marcaria também.
O que somos? Para que as dores? O porquê dos dissabores, está lá de uma linda forma poética no diálogo entre Mack, Jesus, Deus e o Espírito Santo. O autor William P. Young, faz de Deus uma mulher, Jesus um cara comum e o Espírito Santo uma oriental, onde representa o sopro, o vento, o fluido vital de todos nós. Os personagens são intrigantes, reais e apaixonantes. O autor quebra paradigmas escolhendo um cenário (que me lembrou o mito da caverna de Platão) para colocar seu personagem central, cheio de desesperança, convivendo com a Santíssima Trindade. Sem o menor pudor, Mack questiona Deus e seus feitos com a humanidade. Além de observar como os três eles convivem entre si. Retratar Deus como mulher e negra foi uma das grandes sacadas do autor e o momento de poesia está em Sarayu, o Espírito Santo, com suas nuances de cor e seu jardim confuso. Poderia citar muitas passagens marcantes, mas o principal é que a mensagem passada é de que Deus está em nós, parece batido,porém, tem muita gente que nega. Se pensarmos estritamente no material, na nossa independência no agir e tomar decisões (livre arbítrio, dependendo de como esse arbítrio se faz) uma hora ou outra levaremos um puxão de orelha e voltaremos para o reencontro com o divino em nós. Cito algumas passagens: "A Criação foi levada por um caminho muito diferente daquele que desejávamos. Em seu mundo, o valor do indivíduo é constantemente medido em comparação com a sobrevivência do sistema, seja ele político, econômico, social ou religioso; na verdade, de qualquer sistema. Primeiro uma pessoa, depois umas poucas e finalmente muitas são facilmente sacrificadas pelo bem e pela permanência do sistema. De uma forma ou de outra, isso está por trás de cada luta pelo poder, de cada preconceito, de cada guerra e de acada abuso de relacionamento. A "vontade de poder e independência" se tornou tão disseminada que agora é considerada normal."(p.113). Outra citação bacana: "Enfrente o medo de sair do escuro e conte a ela, peça perdão e deixe que o perdão dela o cure. Peça que ela reze por você, Mack. Assuma os riscos da honestidade. Quando fizer outra besteira, peça perdão de novo. É um processo, querido, e a vida é suficientemente real sem precisar ser obscurecida por mentiras. E lembre-se, eu sou maior do que as suas mentiras. Posso agir para além delas, Mas isso não as torna certas nem impede o dano que elas causam ou a dor que provocam nos outros."(p. 176). O livro não fala de religiões e nem de conversões, é apenas um meio de falar da nossa espiritualidade. Não preciso dizer muita coisa sobre, ele fala por si só.
A Luzia de 2008 talvez tivesse outras "Grandes Tristezas" do que a Luzia de 2016, mas a espiritualidade permanece a mesma. Seria interessante, agora, bater um papo com Papai, Jesus e Sarayu numa cabana... Se bem que eu bato papo com eles direto de todas as formas e meios e, podem acreditar, eles respondem...
Não somos o centro do Universo minha gente! Só porque temos o raciocínio, não significa que somos melhores...
Ficou curioso(a) com meu desejo pelo deck? Só lendo o livro pra saber do que se trata...
Espero que vocês encontrem as suas divindades e façam delas permanentes.
Outro livro na lista de releituras: O mundo de Sofia!
Boa leitura e um forte abraço!
Até!
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