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Mostrando postagens de outubro, 2011

Nos braços de Klimt

Ele a tinha nos braços. Ajoelhados os dois sabiam da fortaleza de seu amor. No entrelaçar dos corpos pareciam siameses. As mãos dele seguravam o rosto dela delicadamente dizendo: tu és minha. A face dela, enrubescida, dava a dimensão do quão quente era o beijo dele.  Ele por sua vez ao beijá-la escondia o rosto entre seus cabelos. Cabelo este coberto de flores. Com rosto sereno, ela, vertia todo o seu prazer. As peles se contrastavam. Ela, com sua pele alva e lábios marcados de vermelho, parecia uma gueixa, cujos dedos agarravam a nuca de seu amo. Ele na maior parte quadrado e ela círculo. Símbolos geométricos contrários, mas em perfeita sintonia. Em volta toda a discrição do tom pastel. O casal está sobre base bem colorida e alegre. Quem os admira pode ter um pouquinho de inveja caso não tenham um amor como o deles. Gustav Klimt, (1862-1918) pintor austríaco, foi um dos fundadores do Movimento de Secessão de Viena. Esse movimento recusava toda a tradição acadêmica das artes. Kli

Vampire

Eu acredito em vampiros. Não os de filmes de terror. Acredito na existência de pessoas vampirescas. Vampiros são todas as pessoas que sugam a energia do outro. Não só a energia, mas os sonhos, as esperanças, a vontade de viver, o tempo... O vampiro está sempre à espreita, esperando o momento certo de dar a mordida fatal. Trazendo a vítima para seu mundinho sombrio. Tornando-a dependente e sem vida. Os vampiros estão em todos os lugares. São muito perspicazes. Possuem diversas formas. Aparecem como seu colega, seu parente, seu namorado(a), seu marido/esposa, seu vizinho, seu chefe... Como nos defender de pessoas vampirescas? Carregando alho, estaca e água benta? Ou se tornando um Van Helsing? Não sei. Arrisco dizer que a grande defesa seria o bom-astral. Mas os vampiros, no geral, atacam justamente as pessoas de bem com a vida. Isso porque os vampiros são, na verdade, mal resolvidos, amargos, recalcados e toda aquela imagem sedutora e segura que apresentam, não passa

Saias pregueadas

Chove no Rio e esse tempo me permite vasculhar guardados e tentar compartilhar com vocês. Então, resolvi postar um texto que escrevi em 2006. Sigo ouvindo as preciosas músicas de Cartola. Uma boa semana a todos. Saias pregueadas (Luzia Rocha - 31/01/2006) “Foi-se o tempo em que usávamos saias pregueadas!”, pensou ela ao observar as meninas indo para escola. Judite morava em Copacabana na esquina da Rua Duvivier com a Rua Barata Ribeiro num apartamento de dois quartos, sala, banheiro, dependências e cozinha de pastilhas. Judite gostava das mesmas coisas há anos. Não admitia que ninguém movesse um objeto de sua casa sem seu consentimento. Seu sinteco era perfeito, tapetes, móveis pesados, escuros (cheirando a óleo de peroba), paninhos de crochê, espelho emoldurando a sala de jantar, cortinas de trilho com voil e cristaleira. Na sala, ostentava um oratório com a imagem barroca de Nossa Senhora do Bom Parto que fazia questão de emprestar a toda moça conhecida que ia parir.

Querer e respeitar

Querer é um verbo que significa desejar, pretender ou pode significar exigência. Respeitar também é um verbo que significa temer, acatar, cumprir, concernir. Será que aquilo que eu quero pode ser respeitoso? Aquilo que o outro quer pode me respeitar? O meu desejo, geralmente, confronta com a expectativa do outro. Tenho minhas dúvidas se o fato de desejar algo intensamente em determinados momentos pode ser uma forma de desrespeito. Às vezes o que é respeito para mim é desrespeito para o outro. O meu querer é o não querer do outro e vice-versa. Sei que querer é uma palavra muito forte assim como suas conjugações. É verdade que o meu querer tem andado um pouco como as marés e o meu respeito anda sempre nas alturas, porém, não ouso ter o poder sobre elas no outro. O que eu posso é tentar tê-las em meu poder e dispô-las da forma que me convier.     Em certos momentos o meu acatar fala mais alto, em outros o meu concernir é mais intenso. Mas tenho ligeira impressão qu