Estou um pouco sem inspiração esta semana. Na verdade, tenho muitas mas ordenar as ideias é que ainda não consegui. Talvez seja por conta de um resfriado que se abate sobre mim e a minha incômoda sinusite. Então mais uma vez recorro a escrita de Lya Luft.
Terminei de reler o livro. E dois poemas gostaria de compartilhar com vocês. São os últimos que posto. Quem puder e quiser, compre o livro que vale muito. Um dos poemas é em homenagem às mães, o outro é belo por si só e dispensa comentários...
DEMASIA
(para as mães excessivas - Lya Luft)
Os filhos que pari trilharam seus caminhos
(como dizem que deve ser)
Eu não me conformei: andei em seus calcanhares,
lancei-me em mil direções, fiquei perdida
nesta casa vazia.
Toda a noite espreito os velhos quartos
para ver se as memórias dormem direito,
se escovaram os dentes, fizeram as lições.
Meus filhos tiveram outros,
e eu me fragmentei ainda mais.
No espelho não vejo ninguém:
virei poeira de gente, soprada entre eles.
Tanto me entranhei em suas vidas,
que tentam limpar-se de mim
para poderem crescer, para não serem
meus filhos.
***
COMPOSIÇÃO
(Lya Luft)
Quando perdi quase tudo,
descobri que a dor
não era maior que o sonho.
Quando esqueci o caminho,
vi que o horizonte
ficava do lado errado.
Quando só o meu rosto
sobrava em cada espelho
(e nada do lado de cá),
juntei desalento e desejo
e me reinventei
com carinho.
(Agora pareço comigo antes
de o amor ser cancelado.)
Terminei de reler o livro. E dois poemas gostaria de compartilhar com vocês. São os últimos que posto. Quem puder e quiser, compre o livro que vale muito. Um dos poemas é em homenagem às mães, o outro é belo por si só e dispensa comentários...
DEMASIA
(para as mães excessivas - Lya Luft)
Os filhos que pari trilharam seus caminhos
(como dizem que deve ser)
Eu não me conformei: andei em seus calcanhares,
lancei-me em mil direções, fiquei perdida
nesta casa vazia.
Toda a noite espreito os velhos quartos
para ver se as memórias dormem direito,
se escovaram os dentes, fizeram as lições.
Meus filhos tiveram outros,
e eu me fragmentei ainda mais.
No espelho não vejo ninguém:
virei poeira de gente, soprada entre eles.
Tanto me entranhei em suas vidas,
que tentam limpar-se de mim
para poderem crescer, para não serem
meus filhos.
***
COMPOSIÇÃO
(Lya Luft)
Quando perdi quase tudo,
descobri que a dor
não era maior que o sonho.
Quando esqueci o caminho,
vi que o horizonte
ficava do lado errado.
Quando só o meu rosto
sobrava em cada espelho
(e nada do lado de cá),
juntei desalento e desejo
e me reinventei
com carinho.
(Agora pareço comigo antes
de o amor ser cancelado.)
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