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Estrada do Sol

Hoje foi a última conferência dedicada ao teatro brasileiro organizada pela Academia Brasileira de Letras. O tema foi musical e para falar sobre eles foi chamado o jornalista e diretor Flavio Marinho. Para dar suporte sonoro, a atriz Soraya Ravenle e o cantor e compositor Zé Renato.

Flavio Marinho fez a trajetória dos musicais brasileiros pontuando-os por décadas e a cada obra referida abria-se espaço para determinada música ora cantada por Soraya Ravenle, ora por Zé Renato. Algumas peças teatrais foram comentadas com uma carga emocional grande assim como a performance dos cantores. o teatro de Revista foi lembrado, o teatro de Arena, as vedetes, os musicais Orfeu da Conceição, Pobre menina rica, Orlando Silva, Dolores Duran, O Santo Inquérito, Gota d’água, A ópera do malandro, entre outros...

Fui às lágrimas, obviamente. Esta semana e provavelmente a outra serão carregadas de emoção para mim. Estou na minha atmosfera, na atmosfera do ar. Sentidos estão aguçados e propensos a uma catarse. Estar hoje em contato com músicas tão belas e algumas significantes deram-me a certeza de que, nós, seres humanos, somos capazes de sentimentos puros e nobres. Ouvir Soraya Ravenle cantar Estrada do sol, e poder relembrar minha avó que tanto gostava das músicas de Dolores Duran (momento em que mais chorei por sinal). Ouvir Flavio Marinho falar a respeito de Santo Inquérito e lembrar do meu tempo de estudante ginasial cuja heroína Branca Dias, minha imediata identificação, foi demais para minha alma carregada de sentimentos.

Sai muito agraciada pelo lindo momento que vivenciei. Descobri que além de bem-humorado e competente, Flavio Marinho é geminiano, faz aniversário hoje. Mais até, confirmei uma verdade que já tinha dentro de mim: todos nós temos músicas que são importantes e especiais. Uma para cada momento vivido. A nossa vida é um verdadeiro musical. Então, que venham músicas e mais músicas em minha vida, pois sem elas eu não saberia viver.     


Estrada do sol
(Dolores Duran e Tom Jobim)

É de manhã, vem o sol
Mas os pingos da chuva que ontem caiu
Ainda estão a brilhar
Ainda estão a dançar
Ao vento alegre que me traz esta canção

Quero que você me dê a mão
Vamos sair por aí
Sem pensar no que foi que sonhei
Que chorei, que sofri
Pois a nossa manhã
Já me fez esquecer
Me dê a mão, vamos sair pra ver o sol

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