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Cativar



“Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. É frase mais presente atualmente em meu caminho. Quem não quer ser cativado? O que é cativar?

Cativar é “criar laços”, segundo a raposa mais sábia da literatura universal.  E os laços são estabelecidos como? De que maneira? É necessário estabelecer laços? Hoje é permitido cultivar laços?

Essas perguntas vão se somando à medida que você vai vivendo. No livro O Pequeno Príncipe, existe um capítulo, onde há um diálogo entre o jovem e a raposa e é um dos mais bonitos e significativos para mim. A raposa, segundo crenças africanas, é sempre justa e sempre pecadora. É um ser independente, satisfeito com a existência, ativo, inventivo, mas ao mesmo tempo destruidor, audacioso e temeroso, inquieto, desenvolto, enfim, a raposa representa as contradições da natureza humana. Mas o que isso tem relacionado com o cativar?

A raposa com toda a sua simbologia dúbia ensina ao jovem príncipe uma das coisas mais belas e importantes:  a capacidade de cativar e criar laços, e o seu real significado. Segundo a raposa, cativar é algo quase sempre esquecido porque os homens não têm tempo de conhecer coisa alguma. “Compram  tudo já pronto nas lojas, mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos”. E o segredo para se ter amigo é cativar. E o cativar denota tempo, cuidado e paciência.

Hoje com as redes sociais o “cativar” se torna mais fácil, porém, quais daqueles são de fato, cativadores? Será que algum deles, verdadeiramente, querem o seu cativar, ou você quer o cativar deles?

Cativar alguém é algo muito especial, precioso, íntimo, requer cuidado e carinho. É preciso ser importante para o ser cativado. Porque quando estamos no processo cativador nós somos e responsáveis para "que um dia seja diferente dos outros dias; uma hora, das outras horas.”

Eu quero ser sempre ser cativada, mesmo que eu deite na relva e chore depois, mas eu quero. E quero cativar também, faz parte do meu aprendizado.

Dedico este post aos amigos que cativei e me cativaram, alguns estão distantes, mas ainda tenho-os no peito e na memória. Aos amores que cativei e que me cativaram mesmo aqueles que me fizeram passar dias, meses na relva a chorar, pois eles me ensinaram o que é amar e a reavaliar possíveis erros que cometi, só assim tentarei não cometê-los novamente. Porque na verdade: “descobrirei o preço da felicidade” e que “o essencial é invisível aos olhos”.          




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