Pular para o conteúdo principal

O guardador de rebanhos


Abro aqui um parêntese na poesia de Lya Luft, para falar de outro poeta: Fernando Pessoa.

Tive o prazer de ir à exposição sobre Fernando Pessoa no Centro Cultural dos Correios em cartaz aqui no Rio.

Na época da faculdade ao estudar literatura portuguesa, descobri um poeta solitário e de múltiplas facetas. Onde a metafísica o inspirou.

A exposição dos Correios faz um belíssimo panorama da vida e das obras do poeta português. Logo na entrada traz um conjunto de uma mesa com duas cadeiras e sobre a mesa, um exemplar da revista Orpheu, marca do modernismo português, onde foi um dos colaboradores. Depois, boxes interativos com as poesias dos principais heterônimos (Bernardo Soares, Ricardo Reis, Alberto Caeiro, Álvaro de Campos, além do próprio Pessoa). Em outra sala, vídeos e um painel interativo com o mar que tanto fascina os portugueses e na areia é escrito mais poesia. Mais a frente em outro ambiente, as poesias são narradas e espelhos fazem uma brincadeira, parecida com a casa dos espelhos. Iludindo e distorcendo, trazendo o questionamento de como nos vemos ou como nos apresentamos ao outro. Confesso que a experiência é incômoda. Uma bancada com os livros editados em outras línguas finaliza a exposição. Importante falar da iluminação. Toda a exposição é em penumbra, quase sem luz. Criando uma atmosfera de intimidade, de mergulho na psique do poeta e na nossa. Fiquei feliz em saber que Pessoa era geminiano assim como eu. E para mim explica um pouco a criação de seus heterônimos.

Quem tiver a possibilidade, vá ver a exposição. É de muito bom gosto. E que ao ler algum poema de Pessoa que o faça acompanhado por um belo fado.

Abaixo a foto que tirei da entrada da exposição e um de seus poemas:  



O essencial é saber ver,
Saber ver sem estar a pensar,
Saber ver quando se vê,
E nem pensar quando se vê,
nem vê quando se pensa.

Mas isso (tristes de nós que trazemos a alma vestida!)
Isso exige um estudo profundo,
Uma aprendizagem de desaprender.

                                                                            (Alberto Caeiro – O guardador de rebanhos)


       

Comentários

  1. Eu fui veeeeeerrrr!!!! Mto boa msm!!! to qrendo ir denovo.....esse tipo de expo vale sempre a pena ver duas vezes....Até pq como eu sempre vou no final da tarde...fui expulso no final pq tava fechando! =´(

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

A glândula pineal e o Olho de Hórus

Sempre gostei de pesquisar sobre muitas coisas, principalmente se eu estou envolvida de alguma forma com determinado assunto. E a espiritualidade é a bola da vez, na verdade, sempre foi, só que agora tem aflorado ainda mais. Quanto mais me aprofundo sobre algo, mais a vida vai me levando... Cheguei na glândula pineal. A glândula pineal ou epífise é uma pequena glândula endócrina localizada perto do centro do cérebro, entre os dois hemisférios. Conectada aos olhos através dos nervos. Produz melatonina que promove o ritmo diário de luz e escuridão, com isso ela é reguladora do sono. Também é reguladora de outras glândulas dentre elas está a hipófise. Ela tem o tamanho de um caroço de ervilha. Se fizéssemos um corte cerebral ela estaria localizada entre os dois olhos e na direção abaixo da moleira. Em algumas pessoas a pineal apresenta cristais de apatita. E segundo alguns médicos quanto maior o número de cristais maior a capacidade de captar ondas eletromagnéticas. Acho válido um ap...

Criogenia de D. ou manifesto pelos prazeres perdidos

Como definir em palavras o que está em Criogenia de D. ou manifesto pelos prazeres perdidos do escritor Leonardo Valente? Como definir, na concretude das palavras, aquilo que senti, ouvi, elucubrei e experimentei? Tudo que escreverei pode ser uma “farsa” em vários aspectos, mas em respeito ao autor, não será. Devorei o livro em menos de um dia. Impossível “desgrudar” da leitura. Acho que a habilidade jornalística do autor proporciona isso. O livro te prende, na verdade, a história de D. Aliás, como definir D.? D. é indefinível porque é sentimento. Na verdade, D. é um trem descarrilado que vem te atropelando do inicio ao fim. D. é um atropelo. Encaro atropelo como subversivo. O livro é subversivo. Tudo o que é subversivo atrai, D. me atraiu plenamente.   O autor subverte tudo, desde a forma da narrativa até o estilo. Sou uma pessoa de símbolos e Criogenia é cheia deles. Pra mim, símbolos são as formas de expressão mais sofisticadas e antigas de enxergar o mundo, então, símbolo...

Morricone e o assovio do meu pai *

Meu pai sempre gostou de assoviar. Desde muito pequena o ouvia assoviando pela casa melodias, para mim, estranhas. Acho que o meu primeiro contato com a música foi através dos assovios e, também, das canções de ninar entoadas por meus pais.  Mas algumas notas eram recorrentes nos assovios de meu pai e só alguns anos mais tarde pude identificá-las. A melodia em questão faz parte da música tema do filme Três Homens em Conflito , ou O bom, o mau e o feio , composta pelo maestro e compositor italiano Ennio Morricone. O filme, do cineasta italiano Sérgio Leone, é de 1966 e ficou rotulado como um western spaghetti. Ter Ennio Morricone como compositor de suas trilhas era uma de suas marcas. Porém, Morricone se fez por si só independente de Leone e dos westerns . Muitas de suas composições foram eternizadas. Hoje com apenas alguns trechos melódicos identificamos o filme ao qual elas pertencem. Um filme sem uma boa trilha sonora não existe. Ele pode até ter um bom roteiro, mas sem uma...