Quando assisti ao filme Clube dos Cinco (The Breakfast Club) pela primeira vez era uma criança. Tinha lá pelos oito anos, era 1989. De cara me encantei pelo personagem bad boy John Bender interpretado pelo charmoso ator Judd Nelson. Depois na adolescência assisti ao filme novamente numa dessas Sessões da Tarde e já tive um outro olhar sobre os personagens e o todo do filme. Recentemente o filme passou num canal à cabo e, mais uma vez, o assisti. Hoje, já tenho a noção do que representa e representou. Marcou época.
A história básica do filme é: cinco jovens ficam de castigo por oito horas num sábado na escola. Eles têm como tarefa escrever uma redação com 1000 palavras sobre como se veem. É daí que o filme parte para uma viagem intensa, dramática e comovente. Cada jovem tem uma história diferente de vida. Estereótipos são representados e marcados: o atleta da escola (bonito e valentão); um “nerd”; uma jovem que, segundo caracterização do filme, é “um caso perdido”; uma princesa (ou patricinha) e por fim um bad boy. Todos embarcam numa viagem de emoções e revelações onde nada mais será o mesmo.
O Clube dos Cinco não é só um retrato da idiossincrasia da adolescência, mas sim, o retrato da idiossincrasia de todo ser humano. Não gosto de estereótipos e nem de representação de papéis, pois sei que num determinado momento eles se dissolvem. Quem não conheceu um desses tipos no colégio? Os seres humanos tentam se adequar a determinados grupos para serem aceitos ou sentirem a falsa sensação de pertencimento. Geralmente é o modo de sobrevivência social, servem de proteção. O bonito do filme é que todos entram numa catarse coletiva e se revelam mais do que meros papéis sociais, ou melhor, se revelam mais do que a sociedade os veem. Pude verificar que o filme é uma excelente terapia de grupo em que o condutor, o terapeuta, seria John Hughes o diretor e roteirista do filme.
Além de ter um belo roteiro, o filme conta com a música Don’t you forget about me, da banda Simple Minds. A cada vez que escuto essa música sinto uma gostosa nostalgia.
Sugiro que assistam ao filme várias vezes e que ouçam a música. Em 2008 foi feito um documentário sobre John Hughes intitulado Don’t you forget about me (mesmo nome da música tema do filme), assistam também, é imperdível.
No mais é só, as considerações finais ficam a encargo de vocês... Mas transcrevo aqui um trecho da redação feita no final do castigo:
“Caro Sr. Vernon, aceitamos o fato de que nós tivemos que sacrificar um sábado inteiro na detenção, o que foi que fizemos de errado... mas acho que você está louco para nos fazer escrever um texto dizendo o que nós pensamos de nós mesmos. Você nos enxerga como você deseja nos enxergar... Em termos mais simples e com as definições mais convenientes. Mas o que descobrimos é que cada um de nós é um cérebro (Brian Johnson)... e um atleta (Andrew Clark)... e um caso perdido (Allison Reynolds)... uma princesa (Claire Standish)... e um criminoso (John Bender)... Isso responde a sua pergunta? Sinceramente, a Breakfast Club.”
Don't You Forget About Me
(Simple Minds)
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