Om monossílabo mais carregado de sentido na tradição hindu. Significa o som primordial inaudível, som criador a partir do qual se desenvolve a manifestação, a imagem do Verbo. É o Imperecível, o Inesgotável. O som Om divide-se em três partes: A, U, M (Aum) que regem listas ternárias. Por exemplo: três estados do ser (vigília, sonho e sono profundo); três mundos (céu, terra e atmosfera); três estados da manifestação (grosseiro, informe e sutil); três elementos (fogo, sol e vento), três períodos (manhã, meio-dia e noite); três deuses (Brama, Vixenu e Xiva); três poderes (ação, conhecimento e vontade), e assim por diante.
Xiva/Shiva é um dos deuses hindu, participante da Trimurti, onde Brama é o criador, Vixenu, o preservador e Shiva, o destruidor. Segundo a mesma tradição, Shiva, destrói para construir algo novo, ele tem o poder da transformação, da renovação. A primeira representação do deus foi datada em 4000 a .C. na forma de Pashupati (senhor dos animais). Em sua ilustração há o tridente, responsável pela destruição da ignorância nos homens. A naja em volta do pescoço, representando a dominação da morte e assim a conquista da imortalidade. A naja também representa o fogo central adormecido instalado na base da coluna. Quando esse fogo desperta, tem-se a energia capaz da transformação é o estado se hiperconsciência. No topo de sua cabeça, há um jorro d’água simbolizando o rio Ganges. Shiva amorteceu o impacto do rio antes que este descesse à terra. Shiva carrega um tambor que representa o som da criação do Universo. Em sua companhia existe um touro branco (Nandi) símbolo da virilidade, força física e violência. Montar no touro significa dominar sua força e assim controlar a violência. A lua crescente no alto de sua cabeça é a ciclicidade da natureza, a renovação, a variação de humor existente nos humanos. Com a lua em sua cabeça, Shiva, está além das variações das emoções humanas. A prática da ioga também é relacionada ao deus. Quando dança (Shiva Nataraja), os seus múltiplos braços e o círculo de fogo (tudo o que passa pelo fogo se transforma), significam que a destruição se opera, o deus vai destruir para renovar.
Om Namah Shivaya, é o mantra à Shiva. O mantra inicia com a pronúncia do monossílabo Om, isto é, o ser supremo se manifesta, mas de uma forma pacífica. Depois de algumas repetições há uma crescente melódica, com um coral, batidas em tambores, som de sinos, feitas por um determinado tempo, depois há uma decrescente e depois novamente uma crescente, agora já com palmas, e os mesmos instrumentos de percussão em ritmo mais acelerado. O mantra tem seu ápice, instala-se a alegria, há o transe, há o envolvimento, a entrega. Até que chega um momento que a crescente melódica para. Volta a decrescente e o monossílabo é pronunciado em apenas uma voz.
Gosto de materializar os sons que costumo ouvir. Toda vez que ouço o mantra, atualmente uma constante, imagino a vida como um todo. Às vezes estamos em incômoda calmaria, por alguma razão há a manifestação e a transformação vai chegando aos poucos. A energia adormecida vai se despertando da base da coluna, o fogo se acende, a transformação se instala de forma mais intensa, e começa a destruir (nessa hora vejo Shiva com seus múltiplos braços, o dançarino), somos possuídos, encantados com tanto poder, estamos completamente envolvidos. Até que há um corte. A destruição aconteceu, a tempestade passou e deixou marcas, nada é igual. Pórem, a calmaria voltou, e é hora de recomeçar a construir só que de uma outra forma.
Não há uma pessoa que não tenha sentido a presença de Shiva em sua vida. Em algum momento ou em vários o Verbo se manifestou. Isso é clássico. É lógico que muita das vezes nem nos damos conta. É inevitável, ele é muito poderoso. A energia da base da coluna é muito forte. O fogo é um elemento muito poderoso, é só entrar em contato com algum elemento propício para sua combustão para dar início à grandes queimadas.
Então, para aqueles que querem transformações ou estão passando por elas, segue o mantra. E saibam que todos nós temos um juiz interno capaz de dizer a hora de parar.
Muito bem claro o aspecto - transformador/destruidor - do Senhor Shiva.
ResponderExcluirFalar de Shiva é inspirador...que pode ser escrito como um bhajan.
Hara Shiva Hara Shiva
Shiva Shiva Hara Hara
Hara Shakti Hara Shakti
Shakti Shakti
Hara Hara
Om Namah Shivaya