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Preciosa

Olá a todos!

Estou acometida por uma forte gripe. Tenho a minha cama como grande companheira ultimamente. Mas apesar de tudo ontem, conversando com uma amiga por telefone, surgiu um assunto que particularmente, gosto muito: filmes. Ela me contava que assistiu ao filme Preciosa em DVD. Espantada com a minha reação eufórica ao telefone ela me questionou. Como acredito na coincidência, eu lhe disse que tinha escrito algo após ter assistido ao filme no cinema. Eu tenho hábito de escrever sobre filmes, mas só escrevo sobre aqueles que gosto muito, como no caso de Preciosa. Então, segue abaixo o texto que escrevi. Quero que saibam que eu saí me debulhando em lágrimas do cinema... e que mesmo com toda a sua dureza o filme é uma ode a esperança.  O texto é de março.



Preciosa (o filme)


Fui ver Preciosa no cinema. Filme impecável. Impecável pelo apreço com que é tratado vários temas complicados e espinhosos. Ouso dizer que o filme é corajoso.

Preciosa é o nome da adolescente de 17 anos, Clareece “Preciosa” Jones, interpretada pela excelente atriz Gabourney Sibide, que ao engravidar pela segunda vez é expulsa da escola. Por determinação da diretora, Preciosa vai para uma escola alternativa em que toda a ação do filme se desenrola.precon

Preciosa é um tipo de menina que cresceu sem jamais ter sido amada. Sua mãe a explora e a violenta mentalmente e fisicamente. Seu pai, a molestava desde os 3 anos. Além de tudo isso, sua forma física não é a dos padrões impostos: é obesa.

Preciosa não é padrão. Não é uma adolescente como todas aquelas que aparecem em seriados americanos de sucesso: não é a loira de olhos azuis, não tem carrão, não estuda em escola de ponta e nem mora em Bervely Hills. Ao contrário, ela é obesa, negra, pobre, moradora do Harlem, mãe de dois filhos/irmãos (sendo a mais velha portadora da Síndrome de Down), analfabeta, abusada tanto pelo pai quanto pela mãe e ainda é soropositiva.

A direção de Lee Daniels soube dosar bem as fantasias pertinentes aos adolescentes da idade de Preciosa. Toda vez que a protagonista atravessava uma situação ruim, ela se imaginava num mundo colorido e perfeito. Um mundo só seu e impenetrável. Onde só ela tinha a chave. O filme mostra ainda um outro fator de preconceito: o homossexualismo na personagem da Srta. Rain, professora de Preciosa na escola alternativa.

O filme é um soco no estômago para aqueles que apenas esperam rir das fantasias da adolescente gordinha. O filme faz pensar. É um verdadeiro tapa na cara. Uma bofetada de mão aberta. Dói, incomoda, dá nojo, dá revolta e dá a sensação de que estamos aqui nesse planeta de caos como seres bizarros e mesquinhos. O que pensamos dos outros e o que eles pensam de nós? O que é ser padrão? Existe padrão? O que esperamos de nós? Como resolvemos nossos conflitos internos? O que esperamos da vida? O que na verdade é viver?
     
 (11/03/2010)



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