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Cosme e Damião

Hoje é dia de Cosme e Damião. É dia de festa. É dia de criança nas ruas.

Cosme e Damião eram irmãos gêmeos ou de idades bem próximas (segundo alguns historiadores). Médicos, tratavam dos doentes gratuitamente e ficaram conhecidos pelas suas curas extraordinárias. Nasceram na Arábia e foram martirizados na Cilícia (Ásia Menor), no dia 27 e setembro, por ordem do Imperador Diocleciano, no ano de 287.   Durante a Renascença tornaram-se padroeiros da família dos Médicis, sendo muitas igrejas e capelas consagradas em seu nome. Na cultura nagô, mulheres que pariam gêmeos teriam sorte, prosperidade e proteção. Com isso, deveriam “agradar” ao orixá Ibeji (orixá gêmeo, filho de Iansã e Xangô) com oferendas. O nosso sincretismo religioso fez com que Ibeji passa-se a Cosme e Damião.  

Quando criança, ficava contando os dias e as horas pra setembro chegar. Setembro chegando, esperava ansiosa pelo dia 27. “Mãe, amanhã é dia de correr atrás de doce?”, no subúrbio tem-se o hábito de usar a expressão “correr atrás de doce”. Adorava aquela agitação. Planejava com meu irmão as ruas a serem percorridas, o melhor trajeto. Era grande a expectativa pelo primeiro saquinho. “O que será que tem aí dentro?” “Saquinho bom é o saquinho de plástico!” “Olha, ali ta dando doce!” e lá íamos nós, em disparada. O ‘saquinho’ consistia em: balas, pirulitos, doce de leite, bananada, pé-de-moleque, paçoca, suspiro, jujuba, maria-mole, isso variando de acordo com o gosto de quem dava o doce. Algumas pessoas distribuíam cartões com a hora para a entrega. Outras distribuíam apenas um pedaço de bolo e guaraná. Formava-se uma fila enorme. Um bando de crianças, com o mesmo objetivo. Quando a nossa mochila enchia, eu e meu irmão, íamos pra casa, colocávamos tudo numa bacia e partíamos novamente pra rua. Que festa. Era uma alegria só. À noite, já em casa, esgotados, contabilizávamos os doces, e relembrávamos a farra do dia. Como era bom. Dia de Cosme e Damião era um dos dias mais felizes do ano pra mim. Sentia-me livre. Que saudade!

Depois fui crescendo e passei não mais ganhar doces. A sensação de liberdade foi se esvaindo. As preocupações da vida adulta foram tornando-se cada vez mais presentes. Hoje sou apenas acompanhante de meus primos menores. É o meio mais fácil de recarregar as energias. Estar com crianças é bom.Viva Cosme e Damião! Viva cada criança que há em nós!

E como hoje é o dia deles, segue a oração dos santos gêmeos:





São Cosme e Damião, que por amor a Deus e ao próximo vos dedicastes à cura do corpo e da alma de vossos semelhantes, abençoai todos os médicos e farmacêuticos. Medicai meu corpo na doença e fortalecei a minha alma contra a superstição e todas as práticas do mal. Que vossa inocência e simplicidade acompanhem e protejam todas as nossas crianças. Que a alegria da consciência tranqüila, que sempre vos acompanhou, repouse também em meu coração.

Que a vossa proteção, Cosme e Damião, conserve meu coração simples e sincero, para que sirvam também para mim as palavras de Jesus: “deixai vir a mim os pequeninos, porque deles é o Reino do Céu”. São Cosme e Damião, rogai por nós.
  

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