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Com amor, Van Gogh

Não pude deixar de escrever sobre o belíssimo filme Com amor, Van Gogh. Um filme de tocar o coração sobre um dos maiores pintores da arte moderna e sobre sua controversa morte. O filme é um primor, foi pintado por mais de 100 artistas utilizando a técnica de Van Gogh para compor a vida desse grande pintor. Foram mais de 65 mil quadros cenográficos pintados à mão e o resultado foi maravilhoso. O filme começa um ano após a morte de Van Gogh onde o filho do chefe dos correios tenta entregar a última carta do pintor holandês ao seu irmão Theo. Por esse viés a história começa e surge um filme comovente. Não vou contar o filme, mas Van Gogh começou a pintar aos 28 anos e nos oito anos de produção até a sua morte pintou 800 obras e conseguiu vender, em vida, somente uma. Como o filme fala sobre as cartas trocadas entre ele e o irmão, resolvi me aventurar em escrever uma a ele. Seria assim:

"Meu caro Vincent,

Você foi reconhecido. Sua arte comove as pessoas. Suas pinturas falam por ti. Suas pinceladas expressam toda a sua ternura pelas coisas que seus olhos viram. Nada ficou despercebido a você. Seu desejo foi realizado. Hoje você é um dos grandes artistas mundiais e sua arte vale milhões. Elas estão expostas em grandes museus do mundo. Inclusive já tive oportunidade de ver algumas de perto. Não porque saí de meu país, mas elas vieram até mim. Isso mesmo, elas viajam, vão à países nunca imaginados por ti. Nenhum de seus quadros ficam sem serem observados. Seu nome é uma marca. Ninguém sai indiferente a sua pintura. Muitas delas viraram gravuras e são hoje comercializadas, não sei o que acharia disso, mas é verdade. Sei que você sempre se sentiu incomodado de não pertencer ao mundo em que vivia, se achava um "não-ser". Sei também que não queria ser fardo pra ninguém, principalmente para quem mais amava: seu irmão Theo. Queria ser compreendido, dedicava-se horas a sua pintura, era seu trabalho e entendo que na sua época isso era complicado, até hoje é. Theo não achava você um fardo, pelo contrário, orgulhava-se de você. Acho que ele sofria de ver o desespero de sua busca pela sua arte, por si mesmo. Theo era seu maior admirador, tinha suas obras pela casa toda. Adoraria ver seu sucesso. Sua cunhada reuniu cartas trocadas por você com amigos e as publicou, inclusive as que mandava ao Theo. Hoje, o mundo pode saber um pouco mais sobre você. Não sei o que acharia do mundo agora, com as tecnologias, a velocidade das coisas, contemplar é difícil e se contemplam postam num aplicativo chamado Instagram. Muitas de suas paisagens não estão mais lá, mas o lindo disso é que estão eternizadas num quadro, nas suas pinceladas. Não podem ser excluídas por botão de "deletar" ou pela imagem de uma "lixeira". Você sobreviveu ao tempo. Sua pintura é estudada em escolas de arte pelo mundo. Inclusive acabo de assistir a um filme sobre sua vida cujas cenas são pintadas por artistas que utilizaram da mesma técnica que a sua. Ficaria fascinado. Não sei o verdadeiro motivo que o fez arrancar um pedaço de sua orelha e muito menos o que aconteceu em torno de sua morte, porém, hoje saberia que ter trinta e seis anos não o tornaria um velho, pelo contrário... imagino que tenha vivido muitas coisas e tenha sofrido muitas dores, infelizmente o preconceito ainda existe, contudo, sua arte encanta as pessoas pelo mundo. Suas sombras, se é que as tinha de fato, foram transformadas em luz. Parabéns Vincent!

Com amor, Luzia."




     

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