Zygmunt Bauman morreu ontem. Filósofo polonês radicado na Inglaterra foi um dos grandes pensadores do século XX. Pensou a sociedade como um todo e difundiu a tese de que tudo na modernidade é líquido. Não sou uma expert em Bauman, mas li dois livros dele: Modernidade Líquida e Amor Líquido. Acho fundamental qualquer ser inserido numa sociedade, ler Bauman. E seu conceito de liquidez está muito atual. Se alguém quiser conhecer mais um pouco é só ler seus livros e assistir ao que falam sobre ele no youtube.
Vivemos numa sociedade líquida, onde hoje tudo é descartável, nada permanece. Tudo que envelhece não serve, tudo que dura é chato e precisa ser trocado. As relações são assim, casa-se pensando em separar, namora-se pensando nas outras (os) que vão deixar de "pegar". E aí se a relação tá meio lá meio cá, "pula-se uma cerca" para sair da mesmice, mas não há espaço para conversar, para uma terapia de casal, para crescer juntos enquanto seres humanos, enquanto pessoas. Aliás, agora, pessoas também são líquidas. Todos somos líquidos. Tenho medo disso. Bauman falou muito da relação nas redes sociais cujo compromisso é o de sempre parecer feliz e da quantidade de "amigos" que precisamos ter para nos sentirmos populares. Aquela foto do prato bonito no restaurante para ser in ou a selfie bem cool para postar no Instagram. Sentimos uma necessidade absurda de sermos vistos, "curtidos". Como precisamos ser melhores o tempo todo... Ontem quando soube da morte de Bauman me senti numa tela de Munch, O Grito, derretendo, esvaindo-me. Ultimamente tenho estado no Grito. Sinto-me derreter, sem conseguir recompor aquilo que "derreteu". Minhas forças estão esvaindo-se e como a tinta de Munch. A vontade de sair gritando por aí é enorme!
Queria escrever uma postagem mais alegre, sobre esperança talvez, mas parece que 2016 se arrasta ainda. A morte de Bauman colocou minha cabeça em ebulição novamente. Grandes pensadores fazem isso conosco. Onde iremos parar!
Até.
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