Adoro o livro O Pequeno Príncipe, o li na infância emprestado e só em 2007 tive a oportunidade de ganhá-lo de presente. Enfim, devorei-o e de lá pra cá toda vez que o leio tenho impressões diferentes.
Agora estou num momento de vida muito particular e o livro de Exupéry me mostrou uma outra visão: a de o princepezinho ser um espírito de luz.
Logo nas primeiras páginas do livro o personagem do aviador cai com seu avião nas areias do deserto. Surge repentinamente uma voz de criança pedindo que ele desenhasse um carneiro. O carneiro é o macho da ovelha e do cruzamento de ambos nasce o cordeiro, na passagem bíblica o cordeiro é Jesus, "Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, dai-nos a paz". Outro fator curioso, a história se passa no deserto. Jesus foi levado ao deserto após ser batizado por João Batista e lá é tentado: "A seguir foi Jesus levado pelo Espírito ao deserto para ser tentado pelo diabo. E depois de jejuar quarenta dias e quarenta noites, teve fome. E então o tentador, aproximando-se, lhe disse: Se é filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães. Jesus porém respondeu: Está escrito: Não só de pão viverá o homem mas de toda a palavra que procede da boca de Deus"(Marcos 4:1-4). Pelo que me lembre na história eles estão sem comida e sem água... A serpente que aparece no livro é o ser tentador do Pequeno Príncipe, no filme de 1974, a personagem da serpente é mostrada como um homem de preto com um aspecto diabólico. A serpente não tem patas, rasteja, não tem pelos, troca de pele, é um ser dúbio, animal sibilante, tem veneno, assim como muitas pessoas, inclusive. Foi o animal que tentou Eva a comer a maçã, o fruto proibido: "Mas a serpente, mais sagaz que todos os animais selváticos que o senhor Deus tinha feito, disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim? Respondeu-lhe a mulher: do fruto das árvores do jardim podemos comer, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus, dele não comereis, nem tocareis nele, para que não morrais. Então, a serpente disse à mulher: é certo que não morrereis."(Gênesis 3: 1-4). O Pequeno Príncipe viaja por outros planetas antes de chegar a Terra lá encontra seres tão curiosos que lhe ensinam algo a respeito dos "defeitos" humanos, mas é na Terra que ele se fixa para ensinar ao aviador as questões que aprendeu com essas visitas. Para os que seguem a doutrina de Kardec a Terra não é o único planeta a ter vida, eles acreditam que existam outros espíritos que habitam outros planetas. Que nossa inteligência enquanto encarnados não é capaz de imaginar. Além do mais, o Príncipe tem os cabelos dourados e essa cor simboliza os deuses, o astro de ouro brilhante, astro vivo, o amarelo simboliza a eternidade. Segundo a codificação de Kardec o espírito é eterno, imortal. A raposa também aparece no livro e seu encontro com o Príncipe é um dos capítulos mais belos que há no livro. E a raposa também aparece em vários momentos na Bíblia: "Vendo Jesus muita gente ao seu redor ordenou passar para a outra margem. Então, aproximando-se dele um escriba disse-lhe: Mestre, seguir-te-ei para onde quer que fores. Mas Jesus lhe respondeu: as raposas têm seus covis e as aves do céu ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça."(Mateus 8:18-20). Segundo o dicionário de símbolos a raposa representa todas as contradições inerentes à natureza humana. O Príncipe se deixa cativar por ela para experimentar esse sentimento antes desconhecido por ele. Num corpo de criança o Príncipe ensina valores muitos eternos, indestrutíveis ao aviador que já é um homem feito. É um corpo de criança que fala como um velho sábio. Parece-me um espírito puro que só veio a Terra para ensinar a simplicidade daquilo que ainda teimamos em não saber: "Que o essencial é invisível aos olhos". Para concluir, venho com a parte final do livro onde é chegada a hora de sua partida para o seu planeta de origem. Ele se deixa picar pela serpente, mas aí é que está a parte que considero espiritual: "E segurou minha mão. Mas preocupou-se de novo: - Fizeste mal. Tu sofrerás. Eu parecerei estar morto e isso não será verdade...Eu me calara. - Tu compreendes. É muito longe. Eu não posso carregar este corpo. É muito pesado. Continuava calado. -Mas será como uma velha concha abandonada. Não tem nada de triste numa velha concha..."(p.88). Os espíritas acreditam que a matéria é só um envólucro que nos é emprestado por um tempo para que possamos na materialidade evoluir espiritualmente, pois quando desencarnamos, o que é material fica, porém, levamos o nosso aprendizado, o que "invisível". Aquilo que fazemos no plano terreno, nossa conduta, caridade, a prática do perdão, o amor com os nossos semelhantes, o aprendizado diário em controlar as nossas más influências e do resgate de nossas faltas em vidas passadas e aqui é que nos faz evoluir espiritualmente. É isso que importa. E isso é invisível.
Sejamos Pequenos Príncipes e tentemos evoluir um pouco que seja diariamente. Para chegarmos a espíritos puros só com muitas reencarnações, mas façamos a nossa parte pelo menos. Não nos deixemos tentar pelas serpentes que aparecem na nossa vida. Sejamos fortes como os baobás, robustos no nosso interior e no bem. Aprendamos coisas boas, sejamos a boa semente. Parece difícil, mas não é. Se erramos tentemos consertar, ouçamos nossos corações. O amor sempre vence. Façamos da nossa reencarnação o melhor que pudermos para na vida espiritual emanarmos um pouco mais de luz.
Hoje eu leio O Pequeno Príncipe dessa forma, mas amanhã poderei lê-lo de outra, depende da minha pequena escala evolutiva. E lembre-se: "O essencial é invisível aos olhos".
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