Como minha semana será corrida, compartilho com vocês um texto que escrevi em setembro de 2009. Desejo uma semana de muita leitura.
O Leitor
(20/09/2009)
O Leitor
(20/09/2009)
Assisti ao filme O Leitor, baseado no best-seller de Bernhard Schlink, esta semana. Apesar de já ter lido críticas a respeito, o assisti sem muita pretensão.
Confesso que não chorei. Sou uma manteiga derretida e tenho um método particular de crítica: o filme que em mim provoca o derramamento de lágrimas cumpre o seu papel (provoca a catarse) aí, considero-o bom. O Leitor foi um caso à parte, não verti uma lágrima sequer, porém, nem por isso o filme deixou de cumprir seu papel.
A história se passa em Berlim no ano de 1959 e o enredo é basicamente este: um garoto de 15 anos descobre a vida sexual nos braços de uma jovem senhora que em troca o pede para ler histórias em voz alta. O garoto passa a ir à casa da jovem senhora todos os dias após a escola exercitar seu sexo e ler. Os encontros ocorrem durante o verão até que Hannah (a jovem senhora – Kate Winslet) recebe uma nova proposta de trabalho e vai embora. Deixando sua casa e seu pupilo sem explicações. O jovem com o sumiço da amante desespera-se e sem ter onde procurá-la, conforma-se com a partida. Anos depois os dois se reencontram de uma forma completamente inusitada e é aí que a trama se desenrola.
Muitos filmes já tiveram temas de jovens que se apaixonam por pessoas mais velhas e vice-versa. E que ambos aprendem sobre vida e sobre sexo. O tema é pra lá de batido. Todavia, o filme nos apresenta de forma delicada e sob o véu da relação sexual, algo que merece ser destacado: a leitura. O filme mostra o poder transformador da leitura na vida de uma pessoa. A leitura abre portas para um mundo desconhecido, completamente vasto e por vezes temido: o subconsciente. O subconsciente de Hannah foi despertado pelas histórias contadas pelo jovem Michael. Isso só foi possível porque ela se permitiu. Enquanto Michael queria sexo, Hannah queria histórias.
A leitura, pra quem está aberta a ela, permite o imaginário, materializar a cena, sentir as mesmas emoções de seus personagens. A leitura faz com que nós articulemos o pensamento, promove conflito. Ler também é catártico. Hannah estava aberta à leitura. Tanto que, através dela e por causa dela, aprendeu a ler. Hannah saiu da prisão que era o analfabetismo.
O competente diretor, Stephen Daldry, traz à baila vários temas que geram preconceito: a diferença etária; a pobreza, o judaísmo e o analfabetismo. Kate Winslet se livrou definitivamente da mocinha de Titanic e fez um belo e robusto filme.
Sempre acreditei que leitura combinava com sexo. E depois de assistir ao filme só serviu para corroborar tal crença. Ler é sensual. Ainda mais quando os amantes estão abertos para tal experiência.
Eu disse no início que não tinha chorado, agora sei o porquê. Não chorei devido ao impacto causado em mim. O filme cumpriu seu papel sim. A catarse se fez ao me deparar com a certeza de “o quanto é belo saber ler e escrever”.
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