"Chagas abertas, sagrado coração..." Amanhã aqui no Rio é feriado, é dia de São Jorge. No cruzamento com as religiões de matrizes africanas é o orixá Ogum.
São Jorge nasceu na Capadócia no ano de 275, foi um proeminente capitão do exército romano na época do imperador Diocleciano, quando este mandou prender todos os soldados romanos cristãos e oferecer sacrifícios aos deuses romanos, Jorge foi ao encontro do imperador e objetou sua ordem dizendo-se cristão. O imperador como não queria perder um de seus melhores soldados tentou dissuadi-lo de sua fé oferecendo terras, dinheiro, escravos... como não obteve êxito mandou torturá-lo das mais diversas formas, ainda assim, Jorge não renegava sua fé ao cristianismo foi degolado no dia 23 de abril de 303.
Não sou especialista nas religiões de matrizes africanas, existem pessoas capacitadas para tal, porém, falarei apenas em bases do que tenho lido e com base na minha vivência enquanto criança. Pelo que sei Ogum é o dono da forja e senhor do ferro. Quando a Terra foi criada por Obatalá, em Ifé, todos caçavam e plantavam com instrumentos frágeis de madeira, pedra e metal mole. Com o aumento da população em Ifé precisavam de um terreno maior e desmatar a área, os orixás se reuniram para debater como fariam aquilo com seus frágeis instrumentos. Mesmo assim todos os orixás tentaram, e todas as tentativas foram em vão, Ogum foi o último pegou seu facão de ferro e limpou toda a mata. Os orixás impressionados perguntaram como ele tinha feito aquilo, Ogum disse que seu facão era feito de ferro e que foi um segredo recebido de Orunmilá. A história do orixá é extensa. Teve como esposa Oiá e Oxum. Suas cores são azul escuro, verde e vermelho. Sua comida/oferenda é Adalu feito com feijão preto, milho vermelho cozido, azeite de dendê, cebola ralada, atàre moído e camarões secos. Aqui no Rio come-se feijoada em homenagem ao orixá/santo guerreiro, inclusive muitas escolas de samba o tem como padroeiro... Enfim é uma festa na cidade, é bonito de se ver as igrejas cheias e gente vestida de vermelho em sua homenagem.
Quando criança minha avó materna tinha uma imagem linda de São Jorge em sua casa. Era enorme, nunca vi uma imagem tão linda como aquela, com seus olhos de vidro, o santo parecia ver o nosso interior com ternura, apesar de ser o santo do combate. Tinha uns cordões de miçanga verde que mais tarde fui saber que era a guia de meu avô, já falecido. Infelizmente, não o conheci. Mas minha avó sempre colocava a tolha vermelha bordada na mesa do santo e com um copo de cerveja. Até o dia que ela não pode cuidar mais do santo e, então, São Jorge fez uma longa viagem indo morar em Belém do Pará onde uma prima cuida com muito esmero e devoção.
Que Ogum/São Jorge vença sempre todas as demandas, maldições, olho gordo, nos proteja de todo o mal. Que ele me ajude a vencer as demandas e pedras em meu caminho, que me proteja dos espíritos ruins e esteja sempre na luta comigo, guerreando em favor do meu bem e contra aqueles que me querem mal!
Salve São Jorge! Ogunhê!
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