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Só sei que nada sei

Conhecimento s.m. entendimento; domínio (de um tema, arte, etc); informação; coisa ou pessoa conhecida; erudição, sabedoria. (Houaiss,2001).

Nesses dias estive pensando sobre o conhecimento e suas implicações na vida. Na minha em particular. E nas inúmeras conclusões as quais cheguei, foi a que o conhecimento só traz sofrimento. Espantoso né, mas totalmente compreensível. 

Quando estamos na nossa tenra caminhada da alfabetização sofremos para aprender as letras e as sílabas e depois formar palavras. É uma angústia pegar no lápis juntar b com a e etc. Quando estamos maiores a dificuldade é em aprender tabuada e entramos no mundo exato da matemática e sofremos a cada prova. Depois aprendemos ciência, física, química, literatura e nos deparamos com o vestibular, aí é outro sofrimento para escolher aquela profissão que será a nossa marca na vida, que nos identificará como seres da sociedade... Porém o conhecimento a que me refiro é o que se obtém, na maioria das vezes, por conta própria, sem o respaldo da Academia. O conhecimento vindo pela leitura. Quanto mais se lê mais você sabe e mais você sofre. Não estou dizendo que a leitura é uma praga e que não devemos ler, pelo contrário, leiamos, mas sabendo que muita leitura pode causar um estrago tremendo no seu senso crítico. No meu causou um rombo do tamanho do buraco negro. É completamente sem fundo e não sei aonde vai dar.  O conhecimento te dá a capacidade de olhar as coisas e pessoas de outra forma. Dá a liberdade de discernir o seu certo do certo dos outros, dá a facilidade de interpretar uma notícia de jornal, um filme, uma música, uma voz... Existem pessoas que acham que ter conhecimento é ser melhor. Não. O conhecimento te faz saber que você não é melhor! Que você faz parte do todo. Tenho medo do conhecimento...  Por muitas vezes preferia ser ignorante (no sentido de ignorar algo, não saber), sofreria menos... Me contentaria com pouco, não sofreria por não ter dado uma vida melhor para meus pais, que não construí nada meu, que não tenho emprego e nem plano de saúde. Quase que diariamente penso no que o conhecimento me deu além do senso crítico. Olho meus livros, hoje encaixotados por falta de espaço, e sinto vontade de vendê-los, aí sim o conhecimento me daria dinheiro, mas aí bate aquela posse do "só foi o que restou de meu". É muito triste constatar a sua falha diante de inúmeros fatos ocorridos em sua vida. É triste se deparar com a crueldade, a inveja, a mesquinhez humana e saber que nada mudou, que há milênios o ser humano é do jeito que é. Dói saber que você jamais chegará a iluminação de Buda e Jesus Cristo. Saber que não podemos deter a morte e muito menos se poderemos dar a vida. Que a incerteza do amanhã é algo incontrolável, assim como a raiva.

Penso no que o conhecimento me trouxe de positivo, ao mesmo tempo penso no que seria de mim sem ele.  Contudo, lembro do personagem Dedo Torto um filósofo solitário no filme A Excêntrica Família de Antônia que cometeu suicídio por não suportar viver num mundo cheio de atrocidades.

Continuo minha caminhada no desconhecido do conhecimento e encerro com a famosa frase de outro filósofo grego, Sócrates: "Só sei que nada sei".

Abaixo segue um trecho do filme em que o Filósofo (Dedo Torto) explica a noção de tempo: 

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