Acho que estou com o nervo da
minha sola do pé torcido, na região do calcanhar. Pra completar tive uma
indisposição alimentar esse final de semana. Tô na base da dieta. Não aguento
mais comer batata. Fechando com chave de ouro: tô de TPM. Enfim, tudo
maravilhoso pro meu lado.
Acordei pensando nas minhas duas
avós: Francisca e Emma. A primeira, se viva, faria hoje 85 anos. A segunda, por
causa do meu nervo torcido. Infelizmente as duas já não estão mais em minha
convivência.
Sou adepta a crendices. Gosto
muito de tradições populares. Cresci no meio de crendices. Quando criança
sempre era levada pra ser rezada. Hoje não se encontra mais rezadeiras ou
benzedeiras, pelo menos, onde eu moro. Se minha avó Emma fosse viva, daria um
jeito no meu nervo torcido. Ela sabia rezar nervo torcido e cobreiro. Era tiro
e queda. Pegava agulha virgem, linha, uma bacia d´água e dentro um pote de
barro. Começava a rezar e como num passe de mágica a água entrava no pote de
barro e o nervo curava. Eu era muito chegada a cobreiro. Morava em casa com
quintal de terra e virava e mexia estava com a mão repleta de cobreiro. Corria
pra minha avó que rezava com uma faca fazendo o sinal da cruz três vezes. No
dia seguinte meu cobreiro sumia. As duas rezas eu queria ter aprendido, mas segundo
ela, criança não poderia aprender, só quando crescesse. Ela partiu quando eu
ainda era menina. As rezas foram junto. Um dia numa dessas pesquisas virtuais
descubro que a reza de minha avó vem de Portugal. È uma tradição portuguesa do
século XVIII da freguesia de Vila Marim. Bingo. Minha avó era descendente de
portugueses. A reza é a seguinte:
Em louvor de São
Frutuoso.
Eu te coso.
Se é carne quebrada,
Volta para a tua
casa.
Se é fio torto,
Volta para o teu
corpo.
Não tentei rezar meu pé e nem
tentarei, tenho receio. Acho que só minha avó tinha o dom. Mas algumas
crendices eu faço. Quando a palma da mão coça é sinal de dinheiro e pra receber
é necessário colocá-la em baixo da axila por três vezes. Quando se sonha com
sangue é sinal que passará vergonha e para que isso não ocorra é necessário
cuspir em jejum três vezes no vaso sanitário e dizer: “Essa noite sonhei com
sangue. Sangue é vergonha. A vergonha que eu vou passar vá pela privada a baixo”.
Após as três cusparadas dar a descarga. Quando se tem terçol, pega-se uma aliança
de ouro esfrega na palma da mão e coloca por três vezes em cima da pálpebra
atingida, existem outras, porém, vou me ater somente a essas. O mais bacana
nisso é o exercício da fé. Para que tudo isso não morra e tenha efeito, é
necessário acreditar. Eu como acredito, terei o maior orgulho de passar para os
meus descendentes. Se depender de mim essas tradições não irão se perder. Assim
minha avó sempre viverá dentro de mim.
Dedico este post as minhas duas
avós. Ambas tiveram a sua importância na minha formação.
Por conta disso, vou fazer o
possível para amanhã conseguir correr atrás de doce (caso interesse, leiam meu
post sobre Cosme e Damião, arquivo de 2010) e, de quebra, ainda faço um pudim
de pão.
Uma boa semana a todos.
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