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Storms in the Africa

Enya é uma cantora, compositora e instrumentista irlandesa cujas músicas já fizeram parte de trilhas sonoras de alguns filmes. Suas músicas vão do clássico ao new age e tiveram muita projeção nos anos 80 e 90. Seus álbuns venderam milhões e até hoje é considerada a artista solo que mais vendeu.

O que me interessa neste post não é falar sobre Enya, e sim sobre duas músicas contidas no álbum Watermark: Storms in the Africa e Storms in the Africa pt 2.

Já falei num post que ao ouvir determinadas músicas, as visualizo. Associo o som dos instrumentos a imagens. Como se fosse uma fotografia, ou melhor, um filme. Com Storms in the Africa não foi diferente.  A música inicia com que me parece um instrumento de cordas de som abafado, depois há uma crescente e surge uma voz. Em dado momento há um rompimento e novamente inicia-se o instrumento de cordas junto a tambores (tímpanos talvez) e a voz. Sempre evoluindo, evoluindo, até o ponto que há a pausa definitiva. Storms in the Africa pt 2, inicia com o som de chuva caindo, logo, o estrondo de um trovão, depois o mesmo arranjo de Storms pt 1. O diferencial agora é o canto.

Quando as ouço, visualizo por uma tomada aérea uma savana e à medida que vai crescendo a música, aproximo-me ao solo e me vejo correndo, numa velocidade cada vez maior. À medida que isso ocorre vou retirando partes de minha roupa e as jogo fora me livrando de minhas amarras. Correndo sem limites, atinjo uma velocidade imensa, com o sol queimando minha pele, deixo meu lado animal se revelar. E ele vem na forma de um leopardo. Cada vez mais livre, sem destino. Até o momento em que paro e já é quase noite, nuvens carregadas se formam no céu. Rompe no céu um trovão e cai a chuva, o leopardo/luzia, ofegante deixa as águas lavarem o corpo suado e cansado na imensidão.

Existe uma África em nós. Não foi à toa que Darwin disse que foi o primeiro continente que testemunhou a aparição do homem. Eu tenho uma África interna. E ela é completamente extensa, populosa, faminta, calorosa, diversa, étnica, sensual, animalesca, desértica, rica, imprevisível, civilizada, sincrética, colorida, perfumada e tudo o mais capaz de ser continental.

Agradeço a Enya por me fazer viajar para a África de mim mesma e me fazer constatar que não sou só deserto, estepe ou savana, mesmo dentro de um quarto, em frente a uma tela e com um fone nos ouvidos.

Boa semana a todos.    



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