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Disparate de medo



Recentemente vi uma gravura de Francisco de Goya, chamada Disparate de medo. A gravura mostra soldados aterrorizados daquilo que parece ser um fantasma.

Disparate é algo destituído de razão, um despropósito, um absurdo.  

O soldado com sua “falta de razão” deixa que o medo tome conta transformando aquilo que é pequeno na sua realidade, em algo gigantesco. O medo tem a façanha de se travestir habilmente. Ele tem o aspecto que nossa mente é capaz de idealizar. Mas ter medo é completamente normal. Ele nos é inerente.

Eu tenho alguns medos. Medos que se agigantam e ousam tomar forma. Ter medo é louvável, ruim é não ter medo. Será que meus medos me fazem cometer disparates? Ou os meus disparates me impulsionam a combater o medo? Acredito que a saída de “combater” o medo, seria tirar as vestes que o torna gigante, bater um papo descontraído e fazer um acordo de boa convivência, para que eu, mesmo acuada, não fuja.



(Francisco de Goya - 1815)


           

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