Escrever sobre Dona Isaltina é relembrar minha infância. Dona Isaltina era uma quituteira de mão cheia. Tudo o que fazia era de uma qualidade incrível. Sua imagem ainda hoje é nítida para mim. Sem precisar fechar os olhos a vejo adentrando o quintal dos meus avós, estatura baixa, saia até os joelhos, um lenço na cabeça branquinho tal como seus cabelos. Apoiada em sua cintura, uma bacia de alumínio, muito bem areada por sinal, e dentro: pastéis de massa caseira, bolinhos de aipim (com recheio de carne moída e seca), quibes e bolos. Seus salgados eram robustos, cheirosos, bem feitos, deliciosos. Um manjar dos deuses. Dona Isaltina era o elo da presença de meu avô. Como meu avô morava em outro estado à trabalho, o período em que se encontrava aqui no Rio, era o momento do aparecimento de Dona Isaltina, porque a venda total de seus quitutes era garantida. E era uma festa, tanto para a quituteira como para nós, as crianças. A comida de fato é um elemento agregador. Comer...