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Dezembro!

Dezembro chegou! E com ele todas as angustias, ansiedades, frustações, a música da Simone e aquele falso sentido dos bons sentimentos e da renovação pessoal. Dezembro é um mês altamente comercial. Todo mundo sabe. O que me agonia mais é saber da finitude do ano. Se bem que, por mim, já poderia ser 2024.  2023 foi o ano da pesada pelo menos no meu critério pessoal e dezembro é o mês que simboliza a finitude, se nós seguirmos o calendário gregoriano, porque para a astrologia o ano só acaba em março de 2024 quando entra o primeiro signo zodiacal. O que redobra a minha angústia. Finalizar é bem complexo. Acredito que não somos preparados para finais. A finitude é muito misteriosa. Esta época do ano é muito perigosa, no geral, nos coloca muito mais vulneráveis e estar vulnerável é temerário.  Andei sumida daqui, pois 2023 me exigiu e está me exigindo muito, mas nasceram duas coisas muito boas desse processo: dois livros onde sou coautora. Livros cujos textos foram escritos apenas por mulher
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Milagre

Um olhar para mim Um olhar para ti Um olhar em nós. Uma mão para mim Uma mão para ti As mãos que se unem em nós. Um abraço para ti Um abraço para mim Um abraço que se afaga em nós. Um pouco de mim Um pouco de ti Um ser que se funde em nós. Um astro para mim Uma estrela para ti E um Universo em nós.

Batom vermelho

Choro, choro mesmo. São tempos para se chorar. Tem gente que acha que chorar é ruim, eu discordo. Chorar é o alívio da alma e a não supressão dos sentimentos. Sou chorona mesmo. Fato!  Estamos passando por um período tão barra pesada que privar-se de emoções não cabe. Não é fraqueza, pelo contrário, é fazer-se humano. Não vou entrar na questão do como é ou deveria ser um "ser humano", mas o fato da partida recente da cantora Gal Costa, causou um rebuliço interno. Tenho uma lembrança muito nítida da capa do LP Profana  durante a minha infância, lembro que  Chuva de Prata, Vaca Profana , Onde está o dinheiro , Tililingo e Tem pouca diferença , quase sumiam de tanto que se ouvia na vitrola (pra quem não sabe, dá um Google). Um fato que me impressionava era a capa: um rosto de mulher muito branco, olhos muito maquiados com uma sombra preta e uma boca pintada de um vermelho sangue e a tal mulher segurava o batom com toda a sua exuberância. Não era apenas um rosto: era o rosto de

"Vamos recordar Lima Barreto..."

É com verso de abertura do samba-enredo da GRES Unidos da Tijuca de 1982 que intitulo esta crônica em homenagem a Afonso Henriques de Lima Barreto, mais conhecido como Lima Barreto. Em 2022, será o centenário de morte desse escritor que tanto foi injustiçado em seu tempo e talvez até hoje. E aí vocês podem se perguntar o seguinte: por que ela está escrevendo isso hoje e não em 2022? Porque no dia 20 de dezembro fui visitar um muro que estava sendo pintado pelo NegroMuro cujo homenageado era o escritor. Não poderia fechar o ano de 2021 sem escrever sobre. Um ano que foi marcado por acontecimentos tão tenebrosos e ter no último mês do ano, uma ação tão bacana em homenagem a um escritor que admiro foi um respiro pra alma. Eu como suburbana, fã do escritor, professora de literatura, criadora de um clube de leitura, o LitteraeSamba , e amante do carnaval fiquei muito emocionada, ao ver que a pintura era na rua em que Lima morou, Major Mascarenhas. Estar ali, naquela rua, sabendo da biogra

Criogenia de D. ou manifesto pelos prazeres perdidos

Como definir em palavras o que está em Criogenia de D. ou manifesto pelos prazeres perdidos do escritor Leonardo Valente? Como definir, na concretude das palavras, aquilo que senti, ouvi, elucubrei e experimentei? Tudo que escreverei pode ser uma “farsa” em vários aspectos, mas em respeito ao autor, não será. Devorei o livro em menos de um dia. Impossível “desgrudar” da leitura. Acho que a habilidade jornalística do autor proporciona isso. O livro te prende, na verdade, a história de D. Aliás, como definir D.? D. é indefinível porque é sentimento. Na verdade, D. é um trem descarrilado que vem te atropelando do inicio ao fim. D. é um atropelo. Encaro atropelo como subversivo. O livro é subversivo. Tudo o que é subversivo atrai, D. me atraiu plenamente.   O autor subverte tudo, desde a forma da narrativa até o estilo. Sou uma pessoa de símbolos e Criogenia é cheia deles. Pra mim, símbolos são as formas de expressão mais sofisticadas e antigas de enxergar o mundo, então, símbolos sã

LitteraeSamba

 Olá pessoal ando muito sumida, tudo isso por conta do que estamos vivendo no nosso país e confesso que a vontade de escrever é quase zero! Porém, tenho uma novidade que tem ocupado muito minha mente e meu tempo. Criei no dia 5 de novembro de 2020, um clube de leitura chamado LitteraeSamba . E como funciona esse clube? Simples. Somos um grupo que estuda a Literatura Brasileira nos enredos carnavalescos e nos sambas de enredo. Reuni o útil ao agradável: literatura, a qual sou especialista e o carnaval (que amo). E não é que está sendo bem legal! Nos reunimos virtualmente uma vez por semana para estudar a abordagem da Literatura nos enredos das Escolas de Samba. Sim, Literatura e Samba dão um bom par! Como estamos aqui no Rio em 10 dias de distanciamento obrigatório, instituído pelo nosso prefeito (acho certíssimo), para tentar conter ainda mais o avanço da Covid, detalhe: já estou em distanciamento há mais de um ano! Decidi propor um desafio aos membros do clube: escolher e declamar 10

Exemplar?

 Oi galera!  Ando sumida, mas hoje vim aqui relatar a vocês que acabei de ver A garota exemplar . Filmaço! O filme é de 2014 e conta com a grande interpretação de Ben Afflek e a talentosíssima Rosamund Pike. Ela deu um show ao interpretar a mulher dita completamente exemplar, mas que no fundo faz de tudo para incriminar o marido porque a relação está tediosa, enfim, uma psicopata. Pike, no filme, não tem nada de frágil se compararmos com o seu papel em Orgulho e Preconceito .  O filme é um belo teste para nossa capacidade de pré julgar ou de estereotipar alguém ou alguma situação. Sempre digo aqui que a missão da arte é nos causar desconforto. Ela nos faz pensar e acessar algo em nós que talvez não esteja funcionando bem. A partir daí faremos nossas escolhas. Aí me peguei pensando: O que é ser exemplar? E de como essa conduta nos faz críveis aos olhos dos outros, pois, querendo ou não, vivemos sob o olhar do outro. Quantas situações são encenadas para demonstrar uma imagem irreal? Quan